sábado, 28 de dezembro de 2013

Então sou mãe e estou inutilizada para o mercado do relacionamento sério?

Bem, há uma semana, durante um bate papo totalmente easy (calmo) no popularíssimo Facebook, me deparei com nada mais nada menos do que com o senhor “super sincero”, acreditem, ele existe e não está sozinho... Vocês sabem como começam esses papos de Facebook, frases como “nossa você é muito bonita”, “parece muito inteligente” ou o que mais escuto, “você é muito divertida” (levo isso como elogio ok...) Pois bem, lá estava eu, alegre e saltitante, conversando com alguém inteligente, (bonitinho...), Maduro, casual e tudo mais...Estava lá, euzinha, suspirando doce de leite diante de tanto confete... E ops! Para tudo!... Disco arranhando na vitrola, acabou a música... Ele lança a pergunta... “Você tem um filho?!” ... Olha, juro que em um momento de paranormalidade quase pude ver o rosto do “super sincero” ao me perguntar isso... E claro que a minha resposta, foi um lindo e sonoro “Simmm, com uma carinha feliz :) no fim, que era para expressar a minha alegria com a maternidade... Eis que surge um longo silencio do outro lado da tela... Quase ouvi os grilos cantando lá no quintal do moçoilo... Mas eis que ele volta, provavelmente estava pesquisando meu álbum... Como essa não é a minha primeira experiência, eu meio que previ os acontecimentos seguintes, mas esperei para ver como esse se sairia da saia justa, geralmente se despedem com "muito sono" mas... Continuam online...\o/... haha... Porem choquem... Como eu disse ele era o senhor “super sincero”, apreciem a frase do galã: _Olha linda, você é um encanto, divertida e independente, parece uma mulher muito interessante, mas, você tem um filho e isso é um balde de água fria em um cara solteiro como eu, mulheres com filhos (no plural ok... Me deu mais um filho de presente;) são inapropriadas para mim. :o Para tudo! Barulho de disco arranhado de novo! Fiquei muda... Na minha cara! Assim! Quase sorri de tão chocante, acho que na verdade eu sorri sim (risos)... O que eu poderia dizer! Mas enfim, eu disse: _ Ok, sem problemas, vejo que realmente não temos muito em comum, amo meu filho e me orgulho em ser mãe, você faz isso parecer um crime... É um direito seu ter opinião formada sobre mulheres com filhos... Também tenho meus problemas com homens neandertais... :) (Carinha feliz no fim para não denunciar meus total choque diante da novidade).
                Bem foi isso, acho que ele me excluiu, afinal não sou mais interessante, mas só uma coisa eu não entendi, como foi que chegamos ao ponto do casamento, nós nem havíamos tocado em assunto de namoro, nem mesmo encontro ou coisas relacionadas, falamos sobre música, cinema, coisas do cotidiano e até política (Olha o assunto intelectual... ;) ) Mas nada, nada de romance, apenas amigos, gente que se fala... Tipo amigavelmente... De repente sou “inapropriada” que palavra é essa... \o/... :) . Tinha decidido não pensar mais nesse assunto, isso já faz mais de uma semana, mas o bichinho da discórdia teimou em remoer e não me deixar engolir isso sem escrever um artigo recalcado e de autodefesa... Então aqui estou eu...
                Primeiro ponto. Eu aceito que realmente uma mulher com filhos não é exatamente o pacote mais atrativo do mercado... Mas, quando foi que nos tornamos inadequadas, então agora somos uma mercadoria com defeito? Tivemos uma vida, uma casamento que não durou, relacionamentos que se desfizeram e geramos um filho, somos felizes por isso, é um presente e não um estorvo, a maternidade não nos torna menos atraentes ou sexy, nos torna menos fúteis e mais responsáveis. Nos torna mulheres.
                Segundo ponto: Então os anos que passamos estudando, conquistando nossa independência, buscando conhecimento e conteúdo, saindo do mundo do rímel, batom e balada, para o mundo real (mas com rímel e batom ;) ) não fazem a menor diferença e não nos colocam no pódio dos bons partidos! Porque temos um filho?! Estranho... Muito estranho. Ainda somos as mesmas mulheres... Aquelas que são chamadas de divertidas, “lindas” e encantadoras no Facebook, não perdemos nossos adjetivos quando somos associadas a maternidade, nos tornamos ainda mais dignas, pois não estamos no mercado para qualquer consumidor... Até uma obra de arte aos olhos de quem não sabe apreciar, torna-se bizarro e sem valor. Somos mães, mulheres e somos dignas... Obrigado super sincero, você não está errado, apenas equivocado.
               

                                                                                            Gleyce Gonçalves